“Como sempre, você não desligou a luz ao sair da sala de reuniões.”
Essa frase aparentemente simples é na verdade uma bomba-relógio que pode destruir a sua relação com seus colegas de trabalho. Mesmo tendo sido formulada com a melhor das intenções, a frase é cheia de julgamentos, avaliações, estratégias e ordens. E pode apostar, alguns comentários indiretos como esses podem causar seus maiores problemas no trabalho.
O fato é: para ser produtivo e alcançar suas metas, você precisa se comunicar bem com os outros. É importante estar ciente de como você conversa com as pessoas à sua volta. Você vai melhorar suas relações no trabalho e, consequentemente, vai ter mais sucesso.
Existe um pacote de códigos que você pode usar para se comunicar com mais clareza e com melhores resultados, mesmo com mensagens para “pegar no pé” como lembrar alguém de arrumar a sala depois de uma reunião.
Aprender algumas dicas com a comunicação não-violenta pode melhorar muitos aspectos das suas experiências cotidianas com seus colegas de trabalho e em outros aspectos da sua vida também
Como surgiu a comunicação não-violenta?
No início dos anos 60, durante o auge do movimento a favor dos diretos civis e contra a segregação racial nos Estados Unidos, o psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg (1934-2015) atuava como orientador educacional em instituições de ensino que eliminavam a segregação.
O papel de Rosenberg, durante essa conturbada transição, era ensinar mediações e técnicas de comunicação. Nesse contexto, ele elaborou o método da Comunicação Não-Violenta (CNV).
O norte-americano desenvolveu a habilidade da Comunicação Não-Violenta inspirado nas ações de grandes líderes como Martin Luther King Jr e Gandhi, ou seja, observando a utilização da resistência não-violenta como prática de transformação daquelas realidades violentas.
O que é comunicação não-violenta?
Anos depois, a comunicação não-violenta se tornou imprescindível para qualquer momento da vida. Não importa o lugar em que você esteja ou o lugar de que você veio, você vai precisar dela. A boa notícia é que a comunicação não-violenta é uma habilidade que pode ser aprendida por qualquer pessoa.
Desta forma, podemos definir como Comunicação Não-Violenta (CNV) as habilidades de comunicação verbal (escrita ou falada) e não verbal (gestos, expressões faciais ou corporais, imagens ou códigos) que buscam criar compaixão e empatia para fortalecer as conexões humanas. Ela ajuda a identificar em nosso comportamento do dia a dia aquele sentimento e necessidade que não foram atendidos em uma determinada situação.
Quando utilizamos a habilidade fazemos uma reformulação ao falar e ouvir o outro. Em vez de responder inconscientemente e imediatamente, ouvimos com atenção e pensamos no sentido e desejo manifestado por trás daquela ação humana. Dessa forma, conseguimos nos expressar de forma clara, empática, honesta e respeitosa.
O exercício da Comunicação Não-Violenta permite ao interlocutor enxergar o mundo a partir da perspectiva da outra pessoa e entender possíveis razões para suas atitudes.
Entendendo a comunicação não-violenta
É importante esclarecer que a essência da CNV está na consciência de quatro processos – observação, sentimento, necessidade e pedido – e não nas palavras que são trocadas diretamente no diálogo pelos interlocutores.
Ao usar o ciclo da CNV é preciso seguir os quatro passos:
1. Observação (Ouvir)
O primeiro processo da CNV é a observação. Aqui deve ser levado em conta o contexto em que a situação está acontecendo. A CNV busca a consciência do indivíduo de separar a observação da avaliação. Aumentando a possibilidade de que o outro ouça a mensagem que realmente deseja ser transmitida.
2. Sentimento (Indagar)
O segundo processo da CNV é o sentimento, o maior desafio é ter consciência da emoção que é transmitida naquele momento. É preciso se permitir olhar de forma clara e assertiva todos nossos sentimentos. Trocar o que eu acho por como eu me sinto realmente.
3. Necessidade (compreender)
A necessidade está ligada ao sentimento, por trás de todo sentimento existe uma necessidade e por trás de toda necessidade existe um sentimento. Quando alguém expressa suas necessidades com consciência, as chances delas serem atendidas aumentam.
4. Pedido (argumentar)
Após manifestar o que estamos observando, é preciso fazer o pedido. É essencial expressar o que estamos pedindo de forma clara, positiva, consciente, assim garantindo que a mensagem enviada é a mesma recebida.
Dessa forma, se você não tiver certeza que seu pedido foi atendido, reformule o pedido para saber se foi compreendido. Se ainda tem dúvida, peça ao receptor da mensagem para repetir o que entendeu.
Quando outra pessoa não atende o pedido, a pessoa pode perceber a mensagem como uma exigência. Portanto, o pedido deve ser objetivo e bem definido com base na empatia.
Agora é só colocar em prática…
Da próxima vez que você estiver se preparando para uma conversa desconfortável com um colega de trabalho, respire fundo, seja gentil consigo mesmo e experimente uma abordagem não-violenta na conversa.
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